A elevação das tarifas sobre produtos brasileiros anunciada pelos Estados Unidos deve atingir diretamente segmentos industriais da Bahia, com efeitos previstos já a partir de 1º de agosto. A Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) manifestou preocupação com a medida, destacando riscos para setores como celulose, cacau, pneus e petroquímica.

No primeiro semestre deste ano, as exportações baianas para os EUA somaram US$ 440 milhões, o que representa 8,3% do total exportado pelo estado e cerca de 1% do PIB baiano. Os Estados Unidos são o terceiro maior destino das exportações da Bahia, atrás apenas da China e da Argentina.

A indústria estadual responde por 90,6% das vendas para o mercado americano, com destaque para:

• Celulose tradicional: US$ 71,4 milhões (16,2% das exportações para os EUA)
• Celulose solúvel: US$ 46,7 milhões, com 24% da produção destinada ao país
• Manteiga e líquor de cacau: 10,7% das vendas baianas para os EUA e 24% das exportações do segmento
• Pneus: US$ 40 milhões, equivalentes a 34% das vendas do setor
• Petroquímica: produtos como benzeno, isopreno e paraxileno são exportados exclusivamente para o mercado americano

Com a manutenção das tarifas, a expectativa é que os setores afetados percam competitividade internacional, mesmo com possíveis ajustes nas margens de lucro. Isso pode gerar impactos econômicos relevantes para a cadeia produtiva regional, incluindo retração de vendas e dificuldades para manutenção de contratos.

Diante do cenário, a FIEB reforçou o apelo por negociação e diálogo com os Estados Unidos, alinhando-se à posição da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Para a entidade, a preservação da relação comercial entre os dois países é fundamental para evitar retrocessos econômicos e garantir a estabilidade das exportações baianas.

Vitória da Conquista está entre as cidades beneficiadas com o fortalecimento da gestão dos distritos industriais na Bahia. No dia 22 de maio, a Associação do Distrito Empresarial de Eunápolis (Adee) firmou um acordo de cooperação com o governo da Bahia, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), para assumir a gestão das áreas comuns e das vias internas do distrito industrial do município.

O compromisso inclui também a administração dos recursos e obras voltadas à manutenção da infraestrutura local.

Com essa assinatura, a Adee torna-se a quinta associação no estado a gerir diretamente seu distrito industrial, somando-se às entidades das Indústrias de Vitória da Conquista (Ainvic), das Empresas do Centro Industrial de Aratu (Procia), do Centro Industrial do Cerrado de Luís Eduardo Magalhães (Aciclem) e do Distrito Industrial de Barreiras (Adib).

Essa parceria, resultado da colaboração entre poder público e lideranças empresariais, representa uma tendência que pode contribuir para a solução dos problemas históricos enfrentados pelas indústrias instaladas nessas áreas, beneficiando todo o setor produtivo.

A descentralização administrativa por meio desses acordos permite que as lideranças empresariais locais, que conhecem as demandas diárias dessas áreas, atuem com maior agilidade e eficiência. “É um caminho que está sendo incentivado pelo estado, passando esta responsabilidade para o setor privado, que está mais próximo da realidade local e pode utilizar os recursos de forma mais eficiente, com menos burocracia”, ressalta Cinthia Freitas, gerente de Relações Governamentais da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB).

Os Distritos Industriais abrigam mais de 1.300 indústrias de diferentes setores. Entre os 15 presentes na Bahia, 13 possui associações empresariais ativas, que enfrentam questões ligadas à gestão, segurança, infraestrutura e ao regime jurídico dos terrenos.

Para enfrentar essas demandas, a FIEB criou, em 2023, o Fórum dos Distritos Industriais da Bahia, que reúne representantes das 15 áreas com o objetivo de unificar as reivindicações e construir soluções junto ao Poder Público. No último ano, o Fórum entregou ao governo estadual a Agenda dos Distritos Industriais da Bahia, documento que reúne as principais demandas e propostas para a reestruturação dessas áreas, com o intuito de abrir diálogo e fomentar políticas públicas eficazes.

Hilton Barbosa Lima, presidente do Fórum, vice-presidente da FIEB e presidente do Procia, destaca que a agenda trouxe visibilidade às questões essenciais e já direciona o debate para a regularização imobiliária dos distritos.

Um estudo do Observatório Nacional da Indústria (ONI) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou que a Bahia precisará qualificar 574 mil profissionais do setor industrial até 2027. 

Desse total, 97 mil serão novos trabalhadores, enquanto 477 mil precisarão ser requalificados para acompanhar as mudanças tecnológicas e de produção. Essa demanda reflete o ritmo de criação de empregos e a necessidade de reposição de trabalhadores no mercado formal.