Falta de cuidadores impede crianças atípicas de frequentarem aulas em Vitória da Conquista
Mesmo matriculados, estudantes da rede municipal estão fora da sala de aula há meses; responsáveis acionaram o Ministério Público.

A falta de cuidadores nas escolas da rede municipal de Vitória da Conquista tem impedido que crianças atípicas frequentem as aulas, comprometendo o direito à educação inclusiva. No município, o ano letivo teve início em fevereiro e desde então, mães como Saadia Santos enfrentam dificuldades para manter os filhos na escola. O filho dela, de 8 anos, é autista, tem síndrome de Down e TDAH.
“Eu estava indo para a sala com ele. Eu queria que ele ficasse um pouco junto com os amiguinhos, para ele se adaptar sozinho, sabe? Só que é muito complicado”, disse Saadia Santos. Segundo ela, a escola informou que não tinha estrutura para recebê-lo sem cuidador.
Camila Silva Rocha vive uma situação semelhante com o filho Carlos Eduardo, de 7 anos, também autista. Ele foi afastado da escola no fim de maio, quando a cuidadora que o acompanhava saiu da rede. “A orientação que a escola me passou foi “Não traga seu filho, porque não tem o cuidador”. Estive na Secretaria de Educação, mas disseram que depende de um processo licitatório e não deram previsão de quando terá um cuidador”, afirmou.
As mães recorreram ao Ministério Público para cobrar providências. Segundo relatos, o órgão acompanha o caso e poderá entrar com ação contra a Prefeitura Municipal, caso o problema persista.
Enquanto aguardam uma solução, as famílias tentam manter os filhos em casa com atividades adaptadas, mas relatam preocupação com o impacto no desenvolvimento das crianças. “Onde está a inclusão? Tudo isso está ferindo o direito dele. Ele tem o direito a uma educação digna, ele tem o direito ao convívio com outras pessoas e ele está sendo privado de tudo isso”, destacou Camila Silva.