Cidades da Bahia investem milhões no São João mesmo em situação de emergência
Municípios podem realizar os festejos, desde que sigam regras do Ministério Público.

Mais de 100 municípios da Bahia estão em situação de emergência devido à seca ou às fortes chuvas, segundo dados do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sinpdec), realizado pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.
Algumas dessas cidades decidiram manter os festejos juninos, com investimentos milionários. A decisão é permitida, desde que as prefeituras sigam critérios estabelecidos em acordo com o Ministério Público, os Tribunais de Contas e a União dos Municípios da Bahia.
Em Quijingue, município baiano, a programação do Arraiá do Triunfo, que acontece entre os dias 19 e 24 de junho, terá um custo de R$ 4,8 milhões apenas com cachês artísticos, segundo dados do Painel da Transparência do Ministério Público. O valor total da festa chega a aproximadamente R$ 6 milhões, quatro vezes mais do que foi gasto no ano passado.
O município, que tem pouco mais de 25 mil habitantes, está com situação de emergência reconhecida pelo governo federal até setembro de 2025. Em entrevista à TV Bahia, o prefeito Romerinho (Avante) afirmou que os festejos foram planejados com base em um estudo de impacto econômico. Segundo ele, “não foi algo aleatório, é um investimento para atrair turistas, [é] investimento na nossa cultura”.
Em Tucano, cidade vizinha também em situação de emergência pela seca, os gastos chegam a R$ 3,6 milhões apenas com atrações para três dias de festa. O Arraiá das Águas Quentes aconteceu no último fim de semana, no distrito turístico de Caldas do Jorro. Por lá, os cachês variaram entre R$ 220 mil e R$ 750 mil.
O prefeito de Tucano, Ricardo Maia, afirmou que os recursos para a festa foram captados em outras esferas, como o governo estadual, e que os decretos de emergência são voltados exclusivamente para questões relacionadas à estiagem, como apoio à agricultura familiar e abastecimento de água.
De acordo com o Ministério Público, os municípios baianos podem realizar festas juninas mesmo estando em estado de emergência, desde que cumpram condições como:
- Não utilizar recursos destinados à calamidade (seca ou chuva);
- Apresentar estudo técnico detalhado com o impacto financeiro do evento
- Garantir que não haja solicitação de créditos extras ao Legislativo para custear os festejos.