Formato criativo, conteúdo confiável 

É possível comunicar política com leveza e criatividade sem abrir mão da responsabilidade para informar? E dá pra fazer isso nesses tempos de redes sociais, fake news e algoritmo? Essas, sem dúvida, são grandes questões que norteiam minha trajetória profissional, de uma jornalista de formação mergulhada no mundo da comunicação política.

Bom, acredito que sim, é possível. E é urgente. E não estou sozinha nessa. Foi o que percebi ao participar do 1º Encontro de Comunicação Legislativa da Bahia, em Salvador, nos dias 11 e 12 de junho. Um evento que reuniu profissionais da comunicação pública e política e do Direito de vários lugares do Brasil.  

Como jornalista, atuando há três anos em comunicação política no interior da Bahia, saí do evento com a “mente apertada”, como dizem os soteropolitanos, e ainda mais convicta de que a comunicação política precisa dialogar com o tempo em que vivemos, no qual o digital é quem dita as regras, e deve informar e estimular as pessoas a uma participação social mais ativa e cidadã. Para isso, precisa emocionar e conectar. Afinal, política não deve ser “coisa chata”, porque é por ela que a sociedade se organiza. 

O encontro mostrou que a política não deve se resumir aos bastidores. Sendo um ato público, exige técnica, escuta e, o que considero o protagonista na conquista da atenção da população, sensibilidade. Vejo na comunicação política um espaço de disputa de narrativas, onde cada legenda, cada vídeo, cada postagem e cada ângulo de uma foto pode aproximar ou afastar o cidadão. Por isso, o papel do profissional que se dedica a essa área vai muito além das fórmulas prontas, com termos que nem ele mesmo usa em seu dia a dia. É necessário humanizar o conteúdo, torná-lo acessível e compreensível para uma audiência que é muito plural. Eis o desafio. Para vencê-lo, valorizar e reconhecer o trabalho desses profissionais é fundamental.

Arrisco uma aposta em três pilares: ética, dinamismo e atualidade. Ética porque uma comunicação política confiável precisa estar aliada a valores como compromisso com a verdade e com o interesse público. Dinamismo para adaptar o conteúdo às diversas linguagens e plataformas, com criatividade, agilidade e uma observação constante e ativa do campo digital. E atualidade para manter a autoridade ou instituição pública inseridas nos temas que movimentam a sociedade com propósito, sem cair em modismos vazios ou na disputas de likes por si só. A comunicação política precisa ser estratégica, empática e viva. Não podemos esquecer que ela é feita para quem é de carne, osso, coração e sangue nas veias.

Então, criatividade no formato e credibilidade no conteúdo podem ser a isca ideal para fisgar mais audiência para o conteúdo político nas redes sociais. Ao final do encontro, volto para minha rotina de assessoria parlamentar com novas ideias, mais inspiração e a mesma missão de comunicar com verdade, com cuidado e com o olhar voltado para quem mais importa, o povo, que não é um só, é diverso.